Os alagamentos presenciados nos últimos dias em Rio Grande, como o da tarde desta terça-feira (26), colocaram em evidência entre a população o termo tábua de maré. Por conta disso, um dos sites mais consultados neste período foi o da Praticagem da Barra, onde as informações são atualizadas de hora em hora e permitem um acompanhamento quase que em tempo real da situação.

De acordo com o professor da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Glauber Gonçalves, a tábua de maré é o conjunto de registros com a previsão do nível do mar para determinado período. Para chegar na medida correta, a leitura é realizada por meio de um equipamento chamado marégrafo.

Além da Praticagem da Barra, há também um equipamento instalado nos Molhes que pertence ao Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SIMCosta), projeto operacional executado pela Furg e financiado pelos ministérios de Meio Ambiente, da Educação e da Ciência e da Tecnologia.

Conforme Glauber, em Rio Grande o SIMCosta recebe o apoio financeiro da Portos RS, autoridade portuária gaúcha. O recurso é empregado no sistema de bóias que são utilizadas para o monitoramento das dragagens, mas que atualmente também contribuem para o conhecimento do ambiente estuarino e costeiro local.

“Nos últimos sete dias vivemos um ciclo de máximos e mínimos diários que se afastam de mais de um metro, isso influenciado pelo vento”, disse Gonçalves. Ele destacou que a obra de prolongamento dos Molhes da Barra produz impactos na hidrodinâmica, mas não é fator preponderante para as enchentes que estamos vivenciando.

No entanto, a meteorologista da Catavento Meteorologia, Natalia Pereira, alertou que a tábua de maré não pode ser utilizada unicamente para sabermos a quantidade de elevação das águas, mas sim apenas como uma referência, pois não existem medidores de nível específicos da Laguna dos Patos tanto em Rio Grande como em toda sua extensão.

“Quando estamos falando em tábua de maré, estamos falando sobre a entrada de água oceânica no estuário. Essa medição que nós temos hoje é no canal de acesso, mas como ela mede o nível dessa água que está entrando, ela também mede o nível em função do deságue, que é a saída de água doce”, explicou Natalia.

Ela também destacou que a hidrodinâmica da água em cada um dos pontos do estuário apresenta diferenças que também devem ser levadas em consideração. “O movimento da água dentro dessas regiões é diferente. Ele não depende só da chuva e dos ventos, mas sim da profundidade, da turbidez da água e da salinidade”, afirmou.

“O canal de acesso, como ele tem uma proporção longitudinal, é mais dependente da circulação do vento e da entrada de água salgada no estuário do que os sacos, que dependem de outras condições. A informação do nível da lagoa no canal não necessariamente vai repercutir no nível dos sacos”, concluiu Natalia.

Clique aqui para acessar a tábua de maré da Praticagem da Barra

Clique aqui e selecione a opção RIO GRANDE 2 para acessar as informações do marégrafo localizado nos Molhes da Barra