A passagem do Navio Polar Almirante Maximiano por Rio Grande encerra nesta terça-feira, com o seguimento da viagem em direção ao continente antártico. Ao longo do domingo e da segunda-feira foram embarcados diversos equipamentos e suprimentos mantidos pela Estação de Apoio Antártico (Esantar) da Universidade Federal do Rio Grande (Furg).

As operações contaram com as observações das normas das autoridades sanitárias e o perímetro onde as atividades estavam sendo realizadas contou com isolamento e apenas pessoas autorizadas puderam ingressar no espaço. Nesse ano, a 39ª edição da Operação Antártica (Operantar) não levará pesquisadores ao continente gelado.

Na manhã desta segunda-feira, em entrevista por telefone, o comandante do navio, capitão de mar e guerra Anderson Marcos Alves da Silva, falou sobre a logística de preparação por conta do coronavírus. “A diretoria de saúde da Marinha preparou um protocolo, seguindo as orientações das autoridades sanitárias”, explicou.

O navio também cumpriu um período de 14 dias de quarentena e seus tripulantes foram submetidos a uma bateria de testes. “No trajeto até a Antártica o navio não poderá receber nenhuma pessoa. Foi uma intensiva preparação para que o navio chegue no continente antártico isento do vírus Covid-19”, completou Alves.

O ano de 2020 será diferenciado também no que diz respeito as atividades na Antártica. Pesquisadores e cientistas não irão realizar estudos e com isso o navio será utilizado no transporte dos militares que irão substituir os que estão desde o ano passado na Estação Antártica Comandante Ferraz, além de missões de apoio logístico.

“A comunidade científica tomou uma decisão de não realizar a Operantar este ano, então a Marinha do Brasil decidiu que o navio iria prestar o apoio logístico no transporte do grupo base que irá render a guarnição da estação antártica”, disse o oficial. Por conta da pandemia, existem restrições de voo e o transporte dos militares será feito somente pelo navio.

“Nós vamos fazer a substituição do grupo base agora no verão antártico e vamos trazer o grupo base da Antártica para o continente, no Chile, para que eles regressem ao Brasil”, detalhou. Além disso, a Marinha aproveitará a oportunidade para realizar seu próprio levantamento hidrográfico com a utilização de seus sensores.

“O Brasil tem compromissos internacionais de fazer a hidrografia da região. Então, o Maximiano vai usar os seus sensores para fazer o levantamento hidrográfico da área. É um trabalho muito grande a ser feito e vamos ter essa oportunidade neste ano, quando não estivermos sendo empregados na parte logística”, ressaltou o comandante.

A estimativa é de que a chegada na Antártica aconteça no dia 17 de novembro. “Depois de sairmos de Rio Grande, vamos chegar em Punta Arenas no dia 10, onde faremos o último abastecimento, esse do navio, para permanecermos por cerca de um mês na área”, explicou o oficial, que esteve em fevereiro conhecendo onde exercerá sua missão.

Alves também falou sobre os perigos do trajeto até a chegada ao destino. “A passagem de Drake é reconhecidamente uma área de grande atividade meteorológica. É o estreio que divide a Antártica da ponta sul da América do Sul e um dos mares mais difíceis do mundo, em virtude do grande número de passagens de frentes frias e centros de baixa pressão”.

A junção desses fenômenos meteorológicos acaba gerando ventos fortes e ondas altas. “A parada em Punta Arenas também visa um planejamento dessa passagem, que se faz normalmente em dois dias. A gente faz um planejamento para que o navio faça a travessia da forma mais rápida e segura possível para o pessoal e o material”, finalizou o comandante.