A restauração da Capela Nossa Senhora da Conceição, na Capilha, é um desejo de pelo menos 30 anos da comunidade católica local. O anúncio da disponibilização de verba para a realização da obra surge como um presente de final de ano para os moradores da região e frequentadores da praia de águas calmas existente às margens da Lagoa Mirim.

O recurso de pouco mais de R$ 2 milhões será repassado pelo Ministério Público Federal (MPF) e é fruto de multas aplicadas em ações civis públicas propostas no judiciário. A parceria entre a Diocese do Rio Grande e a instituição federal teve início com a obra de recuperação da Igreja Matriz de São José do Norte que está em fase final de conclusão.

De acordo com o bispo Dom Ricardo Hoepers, a deterioração do prédio estava causando preocupação e a única possibilidade de salvação seria uma intervenção direta na estrutura. Mesmo com todos os problemas, pelo menos uma vez por mês os freis capuchinhos da Paróquia Nossa Senhora da Penha, responsável pela região, celebravam uma missa no local.

Em 2006, estudantes da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) foram até a edificação e realizaram um levantamento arqueológico aprofundado. Na ocasião, descobriram que a primeira estrutura da capela datava do ano de 1.700, mais antiga até mesmo que a Catedral de São Pedro, considerada a primeira do Rio Grande do Sul.

Esse levantamento deu origem a um projeto de restauro que acabou não saindo do papel por conta da falta de recursos. A captação nos dias atuais também seria um desafio, porém com a idoneidade do processo de restauro da Igreja Matriz de São José do Norte, foi possível consultar a possibilidade junto ao MPF.

Para seguir detalhando os próximos passos da obra, Hoepers fez uma pequena volta no tempo para ilustrar a parceria firmada com a Procuradoria da República. A disponibilização dos valores que custearam a obra nortense foram possíveis graças a uma aproximação da Diocese com o MPF, onde foram apresentados os templos como patrimônio cultural.

O desenvolvimento da obra e a forma séria como foram administrados os recursos, aliado ao fato da Capela Nossa Senhora da Conceição também ser classificada como patrimônio cultural, justificaram perfeitamente a tentativa de captação. Além disso, a restauração da Capela da Capilha se apresentava como uma segunda urgência da Diocese, depois de São José do Norte.

Um novo processo foi aberto e contou com o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae). Mesmo com todos os caminhos percorridos, o MPF ainda fez uma terceira exigência: que o município se responsabilizasse pela recuperação da Praça Professora Zuleida Régio da Silva existente em frente ao templo histórico.

Com todos os requisitos atendidos, os envolvidos assinaram o termo de compromisso, onde estão estabelecidas as metas que deverão ser cumpridas e apresentadas a cada seis meses ao MPF em forma de prestação de contas. A liberação do recurso depende de decisão judicial e será administrado pela Mitra Diocesana que possui uma conta específica para esse fim.

Uma vez iniciadas as obras, a expectativa é de que sejam concluídas em 12 meses, porém Hoepers não descarta um possível atraso em razão da pandemia. A empresa responsável será a mesma que está executando os serviços em São José do Norte e que possui um vasto conhecimento e experiência em obras de restauros.

A lista de reparos contempla as esquadrias de madeira e metálicas, o reboco interno e externo, a cantaria de pedras, ornamentos metálicos, os forros de madeira, os assoalhos, o terraço e as duas cúpulas. Enquanto a obra estiver acontecendo, as celebrações deverão ser realizadas em um local alternativo e que ainda não foi definido.

Diocese deseja restaurar imagem de Nossa Senhora da Conceição

Um desejo de Hoepers é, de forma concomitante a obra da capela, restaurar a imagem de Nossa Senhora da Conceição que havia no local. Esculpida em madeira e em tamanho real, ela possui estilo barroco e estava sendo guardada na casa de uma família, sendo recuperada pela Diocese há pelo menos um ano e meio.

Até agora foram realizados contatos prévios com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) que demonstrou interesse em realizar a recuperação da imagem. Dom Ricardo espera poder firmar uma parceria com a instituição para viabilizar o processo e assim presentear a comunidade da Capilha de forma completa com a entrega da reforma da capela e de sua imagem principal.