SÉRIE SOLDADOS DO FOGO EP. 3 - DA LIGAÇÃO AO TOQUE DO FERRO
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Enquanto a pessoa que solicita repassa os detalhes, é preenchido o Talão de Aviso de Incêndio e Ocorrência que é entregue ao motorista ou chefe de socorro. Fotos: Rodrigo de Aguiar/Papareia News
Ao discar para o número 193, sua ligação será atendida na sala de operações do Corpo de Bombeiros. Em Rio Grande, os chamados são direcionados ao quartel do Centro e o telefonista os distribui de acordo com a área de atuação de cada equipe. O limitador é a BR 392 que divide a cidade em dois setores, um de competência do Cassino e outro do Centro.
Todas as emergências, independente da natureza, chegam ao conhecimento da equipe por meio do telefone e até a saída para o atendimento é missão do telefonista anotar as principais informações. Enquanto a pessoa que solicita repassa os detalhes, é preenchido o Talão de Aviso de Incêndio e Ocorrência que é entregue ao motorista ou chefe de socorro.
Depois disso, o operador da sala toca o alarme para o acionamento da guarnição, chamado internamente de ferro. Durante o deslocamento, o sistema de rádio permite a comunicação da viatura com a sala de operações, onde a equipe pode solicitar mais informações sobre o local ou ser abastecida com outros detalhes que chegam ao telefonista.
Enquanto a equipe atua no combate ao incêndio ou no atendimento da ocorrência, o operador da sala preenche o sistema chamado ebombeiro, onde constam informações mais completas sobre o chamado. Cada uma possui seu próprio código, seja incêndio, acidente de trânsito, produtos perigosos ou até mesmo ocorrência não atendida.
Como o sistema é totalmente digital, todas as viaturas dos municípios cujos quarteis são comandados pelo 3º Batalhão de Bombeiro Militar (BBM) estão cadastradas, permitindo ao telefonista saber exatamente onde está cada uma delas em tempo real. Depois de preenchidas as informações, a ocorrência é transferida para outro sistema, chamado e193.
É neste local que ela é finalizada pelo chefe do socorro ao retornar para o quartel e ficará disponível para consulta a qualquer momento. No histórico da ocorrência constam as principais informações do atendimento, como quantidade de água utilizada, número de bombeiros empregados, necessidade ou não de apoio, tempo de combate, entre outras.
No quartel do Centro, a função é desempenhada pelos sargentos Magalhães e Suíta e pelos soldados Pitan e Gravato. A reportagem conversou com dois dos quatro militares empregados no posto e mesmo não estando diretamente envolvidos com o chamado, ouvimos quais as ocorrências que mais lhes marcaram ao longo dos anos.
O sargento Magalhães desempenha a função há pouco mais de dois anos e contou que a situação mais difícil é quando acontece uma ocorrência complexa ou duas ao mesmo tempo, em que o telefonista precisa encontrar viaturas disponíveis. Nesse sentido, ele lembrou de um incêndio em duas casas no BGV, em abril deste ano, onde foram necessários três caminhões no combate.
Já o soldado Pitan lembrou de uma ocorrência do período em que ainda atuava diretamente no socorro. Segundo ele, um incêndio atingiu um carro que estava estacionado no último andar de um edifício garagem, no centro, e por conta da dificuldade de acesso, foi preciso levar as linhas de mangueira até o local.
O que acabou chamando sua atenção nesse incêndio foi que o vento que subia dos primeiros andares pressionava a fumaça contra o teto do prédio e permitia que o combate às chamas fosse feito por baixo. No dia de nossa reportagem ele dividia o turno de trabalho com o pai, sargento Pitan, que estava de serviço no quartel do Cassino.
No próximo domingo você vai conhecer as viaturas operacionais utilizadas no dia-a-dia e saber por que elas podem ser comparadas a um quartel sobre rodas. Não perca!