Enquanto cidades como Pelotas, Porto Alegre, Caxias e Canoas já encontraram alternativas para driblar a crise enfrentada pelas empresas do transporte coletivo, Rio Grande inicia o ano sem um resultado concreto. O veto do auxílio emergencial de R$ 4 bilhões pelo presidente Jair Bolsonaro agrava ainda mais a situação e intensifica o sinal de alerta.

Outra questão que contribuiu para o aumento do problema foi o término da vigência do decreto de estado de calamidade pública por conta da pandemia, no dia 31 de dezembro. Como não houve sua renovação, também perdeu eficácia a Lei nº 14.020/2020, que instituiu o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda.

Como tentativa de manter os postos de trabalho na sua totalidade, a Noiva do Mar Mobilidade propôs ao Sindicato dos Rodoviários uma redução de jornada das atuais 220 horas mensais para 180, durante 90 dias. A medida, no entanto, reduziria os salários dos colaboradores, porém os benefícios seguiriam sendo pagos normalmente.

Em assembleia, a categoria não aceitou a proposta e se tiver que voltar a operar com a totalidade de jornadas e salários, o risco de demissões é muito alto, em razão da falta de receita. De acordo com a gerente operacional, Edneuman Assunção, a volta a totalidade implicaria em um acréscimo de R$ 400 mil na folha de pagamento e não há arrecadação suficiente.

A intenção de redução pelo período de 90 dias se deve ao fato da expectativa do retorno dos estudantes as aulas presenciais, público que representa cerca de 20% da demanda diária. A ideia da empresa é realizar uma nova reunião com os representantes sindicais, mas se mesmo assim não houver uma sensibilização, a demissão de funcionários não está descartada.

A gestora informou que o subsídio referente a média dos três últimos meses foi repassado pela prefeitura na primeira semana de janeiro e serviu para o pagamento da folha de dezembro. Atualmente, a Noiva do Mar está trabalhando com 70% da frota operacional para atender uma demanda de passageiros que não ultrapassa a casa dos 46%.

Procurado pelo site Papareia News, o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Fábio Machado, confirmou a recusa da proposta por parte dos trabalhadores e disse ser necessário a avaliação de uma série de questões desde a troca do grupo econômico que faz a gestão da empresa. O parcelamento dos salários também é um dos fatores de descontentamento da categoria.

Além disso, Machado elenca como uma das justificativas para a reprovação da proposta o parcelamento do décimo terceiro salário de 2020 em três vezes e os 30% das férias, que deveriam ser pagos junto com a gratificação de final de ano, serão depositados somente no mês de maio de 2021.