COLEGAS LAMENTAM A MORTE DO SERVIDOR ADILSON LUIZ CAETANO FARIAS, VÍTIMA DA COVID-19

  • A notícia de seu falecimento causou comoção em todos os trabalhadores do judiciário e aqueles que conviveram com ele por conta da atividade profissional. Foto: Divulgação/Redes sociais

O Rio Grande do Sul chora a morte de mais de quatro mil gaúchos, porém o judiciário foi diretamente atingido nesta sexta-feira com o falecimento de Adilson Luiz Caetano Farias, de 58 anos, a primeira vítima da categoria a não conseguir vencer a batalha contra a doença. Servidor há mais de 40 anos, ele atuava na Primeira Vara Criminal do Fórum de Rio Grande e era responsável pelo agendamento dos julgamentos no Tribunal do Júri.

Segundo as informações, Farias teria contraído a doença no ambiente de trabalho e estava internado no hospital desde o mês passado. No entanto, nos últimos dias seu quadro de saúde apresentou complicações e acabou não resistindo a várias paradas cardíacas sofridas na manhã desta sexta-feira. A notícia de seu falecimento causou comoção em todos os trabalhadores do judiciário e aqueles que conviveram com ele por conta da atividade profissional.

É o caso da delegada regional da Polícia Civil, Lígia Furlanetto. Ela contou que conheceu Adilson quando ainda estava na faculdade de Direito e fazia estágio no Ministério Público. “Eu me recordo dele já sendo um exemplo de servidor, daqueles mais prestativos e dedicados. Qualquer problema que alguém tivesse recorria a ele. É uma perda muito grande, pois ele era um exemplo de trabalhador a ser seguido”, comentou.

“Há dez anos trabalhando como delegada, eu tive o privilégio de trabalhar com um servidor do judiciário que foi um exemplo a ser seguido por qualquer um que entre no serviço público e por quem já está há algum tempo trabalhando. A Polícia Civil está em luto em consideração a toda essa parceria que existe com o Poder Judiciário e que existiu com a pessoa do Adilson”, completou a delegada.

O promotor de justiça Márcio Schlee Gomes, que atualmente trabalha em Pelotas, mas por 15 anos exerceu suas atividades em Rio Grande, também lamentou a morte de Adilson. Por meio de uma postagem nas redes sociais, ele lembrou dos momentos vividos ao lado do colega e dos grandes júris organizados por ele, entre eles o que terminou na condenação do maníaco do Cassino, o qual sempre Farias fazia referência.

“Uma pessoa maravilhosa, alegre, amiga, sempre de bom humor e atencioso com todos. É uma perda muito dolorida. É uma tristeza muito grande. Desde que cheguei em Rio Grande, em 2001, fizemos júris memoráveis, incluindo o do maníaco do Cassino, júri de ele sempre lembrava, pois ele organizou tudo, cuidou de todos os detalhes”, escreveu Schlee. Márcio também destacou a grande afinidade e parceria com que desenvolveram as atividades.

O juiz de direito titular da Primeira Vara Criminal, Fernando Carneiro da Rosa Aranalde, também falou sobre a dedicação e comprometimento de Adilson com suas atividades profissionais. “Ele era um cara único. Extremamente competente, dedicado, trabalhador e um cara alto astral. Com quase 40 anos de judiciário, sabia tudo de Tribunal do Júri, pois há muitos anos secretariava os trabalhos e conhecia todo mundo”, explicou o magistrado.

“Sempre chegava cedo para dar início aos trabalhos. Nesse um ano e meio, com quase cem plenárias que fizemos, por exemplo, nenhum deles frustrou em razão dos cumprimentos sempre em dia. Era um cara que trabalhava muito bem com zelo, cautela e dedicação. Era um cara que fazia do trabalho sério e grave, como é o de uma vara criminal, especialmente os crimes dolosos contra a vida, ser mais leve”, completou Fernando.