BRIGADIANOS HOMENAGEADOS NO LEGISLATIVO FALAM SOBRE ATO DE BRAVURA REALIZADO NO CASSINO

  • No dia 24 julho, os soldados Santos e Colvara foram homenageados na Câmara de Vereadores e receberam na ocasião o chamado Voto de Louvor, proposto pelo vereador rio-grandino Rogério Gomes (Cidadania). Fotos: Divulgação/Assessoria Rogério Gomes e Divulgação/Soldado Santos

"Ao ingressar na Brigada Militar, prometo regular minha conduta pelos preceitos da moral, dedicar-me inteiramente ao serviço policial militar, à manutenção da ordem pública e à segurança da comunidade, mesmo com o sacrifício da própria vida”. É com esse juramento e com o braço direito erguido que os alunos soldados concluem a etapa de formação e ingressam efetivamente na função de proteção da sociedade.

Esse momento solene foi cumprido para marcar o início das carreiras dos soldados Santos e Colvara, nos anos de 2009 e 2017, respectivamente. Depois de formado, todo policial militar carrega consigo a expectativa do atendimento da primeira ocorrência, seja pela forma como ela será recebida ou o seu desenrolar, mas o que eles não imaginavam era que anos depois atenderiam uma situação tão complexa e digna de um ato de bravura.

 

No dia 10 de julho, Santos e Colvara realizavam atividade diária de patrulhamento, quando foram solicitados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para apoio em uma ocorrência de vítima em surto. Esse tipo de acompanhamento faz parte do protocolo estabelecido para a segurança dos socorristas, da pessoa que será atendida e daqueles que estiverem no entorno.

 

Quando chegaram na base do SAMU, os policiais foram informados de que a vítima já estava na beira da praia do Cassino e deslocaram imediatamente para o apoio solicitado. No local, os brigadianos visualizaram o homem com água pela cintura, assim como a esposa, que tentava contê-lo. Ao conseguir se desvencilhar, ele seguiu em direção ao fundo e diante da situação de desespero da mulher, ambos tiraram os coletes e entraram na água.

 

“Ela correu até a viatura pedindo socorro e informando que a ideia dele era realmente seguir em direção ao fundo com a intenção de se afogar. Foi nesse momento que decidimos tirar o colete e o cinto para ir atrás dele. Pedimos para que ele se acalmasse, mas ele continuava dizendo que iria fazer o que estava disposto e seguiu em frente para uma área mais funda”, lembrou Santos.

 

Imbuídos do objetivo de salvar o homem, os policiais seguiram em sua direção, porém ao passar pelo segundo banco de areia, Santos teve o coturno enroscado em redes de pesca e foi coberto pelas ondas. Nesse momento, o soldado Colvara retornou à beira da praia para solicitar o apoio do Corpo de Bombeiros e Santos lutava contra as ondas para tirar o coturno dos pés e seguir no salvamento.

 

“O nosso pensamento sempre foi o de salvá-lo, desde o momento em que a esposa relatou que o objetivo dele era de tirar a própria vida. Com isso, a nossa intenção foi a de não deixar que ele concluísse o que estava pretendendo fazer, mesmo sabendo que estaríamos colocando em risco as nossas próprias vidas”, afirmou Santos que na ocasião era o militar mais antigo da guarnição.

 

Com a retirada da vítima do mar, Santos e Colvara foram encaminhados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Cassino com temperatura corporal abaixo dos 30 graus, onde foram diagnosticados pela equipe médica com hipotermia e grau três de afogamento. Em razão do quadro de saúde, ambos permaneceram em observação e foram liberados próximo da meia noite daquele dia.

 

A conduta dos policiais militares configura ato de bravura, pois mesmo não possuindo os recursos necessários para a realização do salvamento, ambos não mediram esforços para retirar o homem da água. A promoção na carreira por esse tipo de atuação é plenamente possível e está prevista na Lei Complementar Estadual nº 11.000/1997, cujos requisitos para sua efetivação encontram-se preenchidos pelos dois soldados.

 

O artigo 5 da Lei estabelece em seu caput que “considera-se ato de bravura em serviço a conduta do servidor que, no desempenho de suas atribuições e para a preservação da vida de outrem, coloque em risco incomum a sua própria vida, demonstrando coragem, audácia e a presença de qualidades morais extraordinárias”. Este tema também tem previsão no decreto estadual nº 41.205/2001.

 

O reconhecimento do ato de bravura também tem o apoio do comando-geral da Brigada Militar, por meio do comandante-geral, coronel Cláudio dos Santos Feoli, do subcomandante-geral, coronel Douglas da Rosa Soares, do comandante do Comando Regional de Polícia Ostensiva Sul (CRPOSul), tenente coronel Leandro Brandão dos Santos, e do comandante do 6º Batalhão de Polícia Militar (BPM), major Iber Giordano.

 

Conduta gerou homenagens na Câmara de Vereadores

 

No dia 24 julho, os soldados Santos e Colvara foram homenageados na Câmara de Vereadores e receberam na ocasião o chamado Voto de Louvor, proposto pelo vereador rio-grandino Rogério Gomes (Cidadania). Pelas redes sociais, o parlamentar afirmou que esta foi uma das homenagens mais emocionantes já realizadas pelo legislativo municipal.

 

De acordo com Rogério, a Câmara Municipal não poderia deixar de reconhecer esse ato de bravura, por isso ele protocolou e propôs a concessão do Voto de Louvor. “Eles honraram o juramento da Brigada Militar e a pessoa só não tirou a vida porque eles não desistiram, mesmo enfrentando todas as adversidades”, afirmou o vereador.