Sorria, você está sendo filmado. A tradicional frase encontrada em estabelecimentos comerciais valerá, a partir de agora, também para quem utiliza o transporte coletivo. A medida deve-se ao fato do aumento considerável no número de assaltos praticados contra este tipo de modal que, apenas nos quatro primeiros meses do ano, registrou em uma das empresas do município 179 casos.

A iniciativa, fruto de uma parceria entre a Secretaria de Município de Mobilidade Urbana e Acessibilidade – SMMUA, a Viação Noiva do Mar e a Auto Câmeras, encontra-se em fase de testes pelo período de sessenta dias e o coletivo de prefixo 1141 foi o escolhido para a realização dos experimentos que, se aprovados, passarão a integrar os demais veículos da frota urbana da empresa, composta atualmente por 150 ônibus. Os quatro equipamentos instalados estão distribuídos por toda a extensão do salão de passageiros, com destaque para uma delas, que monitora a movimentação na parte externa, oportunizando também informações sobre a situação do trânsito.

De acordo com o titular da pasta, Edison Lopes, o foco maior é na segurança, mas também no bem estar do transporte coletivo, monitorando-o de forma geral. Nas ruas, os passageiros que sabem do experimento aceitam positivamente e destacam a importância da medida como forma de inibição da ação dos bandidos.

A principal causa das investidas é justamente a questão da drogadição. A fim de sustentar o vício, os bandidos assaltam os coletivos e subtraem pequenas quantias, valores suficientes para a aquisição de uma pedra de crack, por exemplo. A instalação do sistema de bilhetagem eletrônica proporcionou uma significativa redução nos valores transportados durante as viagens, mas mesmo assim não contribuiu para evitar as ações que passaram a se tornar cada vez mais violentas.

Na última semana, um cobrador e um motorista foram esfaqueados, o que motivou a realização de uma paralisação da categoria na tarde de sexta-feira. Enquanto realizávamos esta reportagem, presenciamos o relato por telefone de mais um assalto, ocorrido próximo ao IFRS, no qual foram levados apenas os valores e nenhuma lesão aos colaboradores ou passageiros fora registrada.

Preocupado com a sequência de casos e a incerteza quanto à tomada de atitudes por parte das autoridades, um cobrador, de 25 anos, que não quis se identificar, relatou uma situação envolvendo ele e o motorista da linha em que trabalha. “Estávamos nos preparando para iniciar a viagem de volta ao centro, quando dois homens em uma moto pararam ao nosso lado. Os dois estavam de capacete, um deles veio em minha direção armado com um revólver e pediu o dinheiro que estava na caixa, enquanto o outro aguardava parado nos degraus da porta.”, e complementou: “É complicado, a gente não sente mais segurança. Nós não sabemos mais o que esperar dos passageiros que sobem nas paradas, alguma coisa vai ter que ser feita para mudar esse cenário”.

Texto: Rodrigo de Aguiar

Fotos: José Silveira

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