VOLUNTÁRIOS SÃO CAPACITADOS PARA TRABALHO NA APAC DE PELOTAS

  • A organização e gestão do espaço contará com o envolvimento de todos os apenados da Apac, no máximo 170 serão transferidos gradualmente do presídio para a unidade. Foto: Michel Corvello/PMPel

O interesse pelo modelo prisional humanizado implantado através da Associação para Proteção e Assistência aos Condenados (Apac), reconhecido pelos altos índices de reinserção social, baixo número de reincidência criminal e custos reduzidos para manutenção, comparado ao sistema convencional, motivou 58 pessoas ao voluntariado. O grupo será capacitado, de março a maio deste ano, para colaborar no dia a dia do Centro de Reintegração Social, vinculado à Apac Pelotas, a segunda do estado e a primeira do interior gaúcho a apostar no modelo como solução para enfrentar a crise do sistema prisional brasileiro.

A instituição da Apac, em 2017, integra as ações preventivas mobilizadas pelo Pacto Pelotas pela Paz, através do programa Segunda Chance. A expectativa é de que a unidade inicie suas atividades em maio deste ano. Dentro da metodologia apaqueana, onde o detento passa a ser visto como recuperando, a afinidade de cada voluntário definirá a forma como ele colaborará para o andamento do centro, afirma o presidente Leandro Thurow. A organização e gestão do espaço contará com o envolvimento de todos os apenados da Apac, no máximo 170 serão transferidos gradualmente do presídio para a unidade.

Neste sábado (14), durante o segundo encontro da turma, o promotor de justiça do Ministério Público do Rio Grande do Sul, Guilherme Kratz, foi o palestrante escolhido para trazer ao foco questões como pena e prisão, direitos dos detentos e aspectos do sistema progressivo. O promotor é defensor do modelo de cumprimento de pena proposto pela Apac por avaliar que o espaço viabiliza trabalho, acesso à educação, responsabilidades e formas de expressão através de atividades positivas.

“Se nós conseguirmos fazer com que essas pessoas saiam um pouco melhor do que entraram, se elas conseguirem estudar, trabalhar, se sentirem úteis, produtivas e próximas de sua família novamente, já terá valido a pena. Serão vitórias muito significativas”, afirmou Kratz, destacando que, além do cumprimento da pena, o que não pode ser deixado de lado, o recuperando também terá oportunidade para se reinserir de forma positiva na sociedade.

Apac Pelotas

Os primeiros dois apenados do Presídio Regional de Pelotas selecionados para inaugurar a unidade pelotense já foram transferidos à Apac Paracatu, em Minas Gerais, onde ficarão imersos por três meses, a fim de vivenciarem o modelo prisional. A ideia, de acordo com o presidente, é que ambos tragam à cidade experiências e aprendizados adquiridos no centro mineiro, necessários à perpetuação da metologia para os próximos presos transferidos. A unidade pelotense ficará localizada em terreno de 45 mil metros quadrados, na avenida Presidente João Gourlart, próximo ao Centro de Eventos da Fenadoce.