TÁXIS ADAPTADOS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA GANHAM ESPAÇO NA ZONA SUL

  • Em São Lourenço do Sul, o mecânico offshore aposentado, Mauro Kruger, de 55 anos, foi pioneiro e há pelo menos cinco anos segue sendo o único taxista da cidade a oferecer o serviço. Fotos: Divulgação/Mauro Kruger/Germano Pereira e Marcos Siqueira

Duas das principais palavras da última década foram inclusão e acessibilidade. Apesar de ainda existirem locais e serviços que não sejam 100% acessíveis, muito se evoluiu nos últimos anos nesse sentido e já não é mais difícil encontrar um estabelecimento com portas mais largas, rebaixamento das calçadas nas esquinas, pisos podotáteis e elevadores no transporte coletivo.

No quesito transporte, cidades da região, como São Lourenço do Sul, Jaguarão e Canguçu, largaram na frente e já disponibilizam às comunidades táxis adaptados para pessoas com deficiência. Os serviços universalizam o acesso e permitem melhores oportunidades de deslocamento para quem possui mobilidade reduzida.

Na Pérola da Lagoa, o mecânico offshore aposentado, Mauro Kruger, de 55 anos, foi pioneiro e há pelo menos cinco anos segue sendo o único taxista da cidade a oferecer o serviço. Segundo ele, ao se aposentar procurou a Prefeitura para apresentar o projeto e a partir daí o município realizou uma licitação para a implantação desse tipo de serviço na cidade.

Como apenas ele apareceu como interessado, acabou ganhando a concessão. “Quando eu me aposentei, foi uma maneira que eu achei de não ficar parado. Além disso, os cadeirantes de São Lourenço mereciam ter um carro adaptado, pois são pessoas super simples e conhecidas”, explicou Kruger.

WhatsApp Image 2021-01-05 at 20.20.10“Existe uma lei que diz que um por cento dos táxis têm que ser adaptados e São Lourenço não tinha veículo com essa característica. Eu mostrei o projeto na Prefeitura para o prefeito e ele abriu uma licitação oferecendo para quem quisesse e não apareceu mais ninguém além de mim”, lembrou ele. O táxi hoje funciona 24 horas por dia e foi bem recebido pela comunidade.

Em Canguçu, o cenário foi um pouco diferente. Trabalhando há cerca de três anos como taxista, Germano Pereira, possui três veículos em circulação na cidade e diante da ausência de um táxi com essas características, resolveu conhecer um pouco mais sobre o assunto e ofertar o serviço no município.

Com isso, ele adquiriu o veículo e substituiu o tradicional pelo adaptado. “Percebi a dificuldade das pessoas com deficiência e comecei a procurar um carro que fosse adaptado. A comunidade também achou a ideia bastante interessante, pois ninguém tinha se lembrado de fazer algo nesse sentido”, completou o taxista, de 50 anos.

Já a cidade de Jaguarão, na fronteira com o Uruguai, possui dois carros adaptados em sua frota. Um deles pertence ao taxista Marcos Siqueira. Antes de começar a trabalhar na função, ele possuía duas caminhonetes de frete, mas após sofrer um linfoma não Hodgkin e uma trombose no braço foi proibido pelos médicos de seguir desempenhando suas atividades.

WhatsApp Image 2021-01-09 at 17.55.42Ele explicou que teve acesso a um edital da Prefeitura para oferecimento do serviço e foi buscar mais informações. Após o prazo do processo, ele e outro taxista se apresentaram como interessados e foram aprovados. Atualmente, ele possui clientes em Rio Branco, cidade do lado uruguaio, e falou da satisfação em poder oferecer esse tipo de serviço.

“A gente também está prestando serviço no nosso país irmão. Eu tenho três fregueses uruguaios que são cadeirantes, porque no Rio Branco não tem esse tipo de serviço. É muito gratificante, só estando no local para se ter uma ideia do quanto é gratificante esse trabalho”, disse Siqueira

O segundo veículo pertence ao taxista Antônio de Armas. Ele trabalha com o veículo há pelo menos oito meses e contou que a comunidade recebeu muito bem a novidade, principalmente as pessoas com mobilidade reduzida.

Assim como nos ônibus do transporte coletivo, os táxis também podem carregar passageiros que não possuam deficiências. As adaptações são realizadas na parte traseira desses veículos por empresas especializadas e certificadas, com a instalação de uma rampa que facilita o acesso da pessoa que será transportada.