PROFESSOR DO INSTITUTO DE OCEANOGRAFIA EXPLICA SOBRE FENÔMENO QUE CAUSOU O SURGIMENTO DE MILHARES DE ÁGUAS-VIVAS, NO CASSINO

  • Renato alertou que os animais encontrados na beira da praia não possuem relação com aqueles responsáveis pelas queimaduras nos veranistas. Foto: Divulgação/CBMRS

Uma imagem inusitada e ao mesmo tempo impressionante: milhares de águas-vivas mortas foram vistas na beira da Praia do Cassino, na manhã desta terça-feira (9). Os primeiros registros do dia sobre a situação foram feitos por guarda-vidas que chegavam para mais um dia de atuação nas guaritas e se depararam com os animais.

Apesar de estranho, o fato é considerado normal pelo professor do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Renato Mitsuo Nagata. Segundo ele, esses episódios de encalhes de grandes quantidades costumam acontecer entre o final do mês de novembro e início de dezembro.

“É algo que acontece normalmente. Talvez em função das chuvas que nós tivemos no ano passado, que baixaram a salinidade da Lagoa dos Patos e deixaram aquele ambiente com uma água mais doce, esse fenômeno deu uma atrasada e está acontecendo agora em janeiro, mas é normal de acontecer”, explicou Renato.

Ele aproveitou para alertar que os animais encontrados na beira da praia não possuem relação com aqueles responsáveis pelas queimaduras nos veranistas. “Essa água-viva, é importante ressaltar, que ela não causa acidentes. Não é essa espécie que está causando acidentes na Praia do Cassino, pois essa é inofensiva para os seres humanos”, pontuou.

Estudantes do curso de Oceanografia estiveram na orla da praia durante à tarde, com o objetivo de realizar uma contagem desses animais e somente na região da Querência, em um trecho de aproximadamente dois quilômetros, a contagem estimada é de 30 mil águas-vivas. Já no riacho do gelo foram encontrados apenas 20 animais.

“Nós coletamos amostras de plânctons, dados de tempo, temperatura, salinidade, vento e ondulação, tudo para tentar entender a ocorrência desses animais. Não me parece que seja algo fora do normal, mas obviamente assusta, pois é bem em uma época em que a população está aproveitando as praias”, disse o professor universitário.

Ainda conforme Nagata, a espécie vive em lagoas e em toda a extensão do litoral brasileiro até o norte da Argentina. “A princípio, não há registros de encalhes tão massivos dessa água-viva como os que nós registramos na Praia do Cassino. Mas realmente, os números e as fotos que nós temos aqui da nossa região é algo que não tem paralelo”, concluiu.

A ocorrência desses animais motivou a universidade a elaborar no ano passado um guia sobre águas-vivas no litoral gaúcho, com informações sobre os cuidados necessários em casos de queimaduras. O material pode ser conferido clicando no link https://ppgocbio.furg.br/images/Um_guia_sobre_mes-dgua_e_caravelas_do_litoral_gacho.pdf

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