PRATICAGEM DA LAGOA - OS PROFISSIONAIS QUE CONHECEM OS SEGREDOS DAS HIDROVIAS GAÚCHAS

  • Por mês, são movimentados cerca de seis navios nas águas internas do Rio Grande do Sul. Fotos: Geraldo Almeida/Praticagem da Lagoa dos Patos

Noventa por cento do volume do comércio exterior brasileiro é transportado por meio de navios. Rio Grande conta com um dos portos mais importantes do estado e que é responsável por números expressivos de movimentações. As embarcações chegam exclusivamente pela Barra, porém existe a nevegação por águas internas, como a Lagoa dos Patos, por exemplo. Por elas circulam farelo de soja, fertilizantes, celulose e insumos para o polo petroquímico.

Mas você sabia que em meio a esse tráfego de barcaças e navios existe a figura do prático da lagoa? Tratam-se de profissionais que, assim como os da Barra de Rio Grande, conhecem extamente as condições naturais e os riscos específicos da maior laguna da América do Sul: a Lagoa dos Patos. Para conhecer mais sobre essa atividade, a reportagem do site Papareia News conversou com Geraldo Luiz de Almeida, diretor da Praticagem da Lagoa dos Patos.

IMG-20200605-WA0041Segundo ele, o serviço existe desde o ano de 1750, quando a praticagem da lagoa e da barra eram unificadas. A separação aconteceu após a Revolução Farroupilha. Atualmente, ela possui como área de atuação o Porto Velho e Porto Novo de Rio Grande, os portos de Pelotas e Porto Alegre, além dos terminais dos rios interiores do estado.

A rotina diária de um prático não se resume somente a manobra de navios. De acordo com Almeida, existe o serviço administrativo que se dá em um escritório tradicional e quando há movimentação de embarcações, o profissional é convocado. Por mês são auxiliados cerca de seis navios e o índice de acidentes é praticamente nulo em razão do treinamento e da experiência de cada um deles.

Ainda conforme Geraldo, entre as principais dificuldades de se navegar na Lagoa são a falta de investimento do governo estadual nas hidrovias e o pouco calado para acesso em Porto Alegre, limitado 5,20 metros. A profundidade média da Lagoa é de sete metros, mas em alguns pontos pode chegar até 12. Já no Rio Guaíba, por exemplo, existem poços em que a profundidade chega a 60 metros.

Para se tornar um prático, é necessário realizar um concurso público único que é fiscalizado pela Marinha do Brasil. Ao prestar o concurso, o candidato tem opções que podem ser escolhidas e em caso de aprovação ele é remanejado para a praticagem que optou no momento da inscrição.