PAPAREIA NEWS ENTREVISTA: CONHEÇA A HISTÓRIA DE LEONARDO ACOSTA

  • A cobertura da Copa de 2014 está entre as mais marcantes de sua carreira

Neste domingo publicamos mais uma edição do quadro Papareia News Entrevista. Por aqui conversamos com conterrâneos que se destacam no cenário local, estadual, nacional e também internacional, possibilitando uma troca de informações e aproximando os mais distantes de suas raízes.

Nosso convidado atua no jornalismo esportivo e sua voz é ouvida diariamente pelos torcedores da dupla Gre-Nal. A impossibilidade da graduação em Rio Grande fez com que ele fosse morar em Porto Alegre e construísse sua carreira inserido em uma realidade pouco conhecida pelo futebol do interior.

Das noites ouvindo as transmissões do citadino de futsal para a oportunidade de cobrir e organizar a logística da Copa de 2014. Conheça, a partir de agora, a história de Leonardo Acosta, o repórter da rádio Gaúcha.

Papareia News – O Jornalismo é uma influência de família?

Leonardo Acosta – De forma direta, não. Apesar de pertencer a uma família numerosa, não tenho a informação que alguém tenha seguido carreira jornalística. Mas a paixão pelo rádio talvez tenha surgido sim da rotina familiar.

Meus pais, Oscar e Jane, tinham o hábito de manter o bom e velho rádio Transglobe sempre ligado pela casa. Aliás, durante a noite em Rio Grande, pela proximidade do mar, a propagação das ondas médias favorecia a sintonia até mesmo de emissoras cariocas como a Globo e a Tupi. Certamente o gosto pelas transmissões esportivas veio daí.  Sempre achei fascinante a cobertura esportiva.

Acompanhava pelo rádio desde o Fla-Flu e o Gre-Nal até as transmissões do citadino de futsal. Gostava muito de acompanhar os jogos no IAC e no antigo ginásio da AABB, na General Vitorino. Ipiranga e Portuária, sobretudo, eram muito fortes na época.

Na família meu tio, Jack Martins, que foi músico e também médico em Rio Grande chegou a apresentar programas de Jazz em emissoras na cidade. Mas com ligação direta ao jornalismo creio ser eu o único.

PN – Como se deu o teu ingresso na rádio Gaúcha?

LA – Minha saída de Rio Grande aconteceu naturalmente, pela simples inexistência do curso de jornalismo na cidade. Talvez por isso nunca tenha tido a oportunidade de trabalhar em Rio Grande. Em 1991, ingressei na faculdade de jornalismo da PUC e a ligação com a capital se tornou natural.

Em setembro de 1994, surgiu uma vaga de estágio na produção noturna do jornalismo geral. Trabalhava com Gerson Silva na produção do Plantão Gaúcha que era apresentado na época pelo Silvio Benfica. Fui contratado no ano seguinte e passei a trabalhar no turno da manhã com Rogério Mendelski, no Gaúcha Hoje e o Antônio Carlos Macedo no Chamada Geral. Em 1996, recebi um convite do então coordenador Cláudio Moretto para trabalhar na rádio CBN, emissora do Sistema Globo de Rádios que passou a ser operada em Porto Alegre pelo Grupo RBS.

Como os estúdios e redações eram no mesmo local, a ligação com a Gaúcha seguiu naturalmente e a partir daí passei a trabalhar eventualmente no departamento de esportes da rádio. Inicialmente na cobertura de treinos.

PN – Te lembras da primeira cobertura esportiva?

A primeira transmissão de um jogo foi já no final de 96, na decisão do estadual de futsal entre ACBF e Inter em Carlos Barbosa (a coincidência de começar pelo futsal talvez tenha sido uma compensação divina do Ipiranga x Portuária que tanto gostava de assistir, mas onde nunca tive a oportunidade de trabalhar). As funções paralelas, entre o jornalismo geral da CBN e o esporte da Gaúcha seguiram por nove anos até que em 2005 o Cléber Grabauska, que era o chefe de esportes, me fez o convite para ficar exclusivamente no departamento esportivo.

PN – O que mais te marcou até esse momento na tua carreira?

LA – Duas grandes coberturas me marcaram. O campeonato mundial de clubes da FIFA, em 2011, no Japão, quando Barcelona e Santos fizeram a decisão que colocou Neymar e Messi em lados opostos foi uma delas. Valeu como uma experiência de vida incrível passar onze dias sozinho naquele país fantástico.

E outra foi a Copa do Mundo no Brasil em 2014, onde fui correspondente nas sedes de Brasília e Cuiabá e pude trabalhar em 11 jogos de Copa do Mundo. Mas, principalmente, pela responsabilidade de ter preparado a logística da cobertura da Gaúcha pra esta que talvez tenha sido a maior cobertura esportiva recente da emissora, com transmissão de todos os jogos da Copa nos estádios onde foram realizados. Participar desta organização toda foi muito prazeroso.

PN – Vivendo as realidades de Inter e Grêmio, como tu enxergas o futebol do interior do estado?

LA – Sou um entusiasta do futebol do interior. Realmente gosto do campeonato gaúcho. Os clubes se mantém com enormes dificuldades financeiras, muitas vezes graças ao esforço de dirigentes abnegados.

A gestão de Vitor Magalhães recentemente no São Paulo foi um verdadeiro show de eficiência. Conseguiu viabilizar um clube que vivia enormes dificuldades e recuperou o apoio da torcida. Mas não tem como rivalizar em qualquer aspecto com a dupla Gre-Nal. São grandezas diferentes. Penso que a sobrevivência do futebol do interior passa pelo desafio de cativar torcedores que "consomem" mais a dupla da capital para também gastar com os clubes locais. A Zona Sul se difere do restante do estado com alguns torcedores fiéis somente aos clubes locais, o que não ocorre em outras regiões. Mas mesmo em Rio Grande ou Pelotas é difícil encontrar torcedores que não tenham no mínimo uma simpatia com Grêmio ou Inter.

Por isto me parece pouco inteligente ver faixas com a inscrição "Anti Gre-Nal" nos estádios do interior. Isto é passar a mensagem que você abre mão de um consumidor, de um potencial futuro sócio do clube, por exemplo. Tem é que fazer com que o torcedor, seja ele colorado ou gremista, também apoie o time local.

Texto: Rodrigo de Aguiar

Fotos: Arquivo pessoal jornalista Leonardo Acosta

rodrigo@papareianews.com

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