LEITE SUSPENDE COGESTÃO E COLOCA TODO O RS EM BANDEIRA PRETA A PARTIR DE SÁBADO

  • A decisão pela bandeira preta em todas as regiões do estado é baseada em uma nova salvaguarda devido ao nível crítico de leitos livres e do elevado crescimento na ocupação hospitalar. Fotos: Itamar Aguiar e Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

Diante do crescimento exponencial de contágio de coronavírus e do pico de internações em leitos hospitalares desde o início da pandemia, o que já levou ao esgotamento de UTIs em algumas regiões, o governo do estado decidiu, nesta quinta-feira (25), ampliar as restrições para preservar vidas.

A principal medida anunciada pelo governador Eduardo Leite é a suspensão temporária do sistema de cogestão regional, o que obrigará os municípios a adotar os protocolos da bandeira apontada pelo Distanciamento Controlado a partir de sábado (27). Além disso, a vigência do mapa da 43ª rodada será antecipada para sábado, colocando todo o Rio Grande do Sul em bandeira preta, nível mais grave do sistema gaúcho de enfrentamento à pandemia.

“Tivemos um crescimento muito forte e sem precedentes nas internações em leitos clínicos e de UTI, por isso, é tão importante que alinhemos medidas mais restritivas, e precisamos dos prefeitos agora. Não dá para pagar para ver a partir das medidas já adotadas essa semana. Elas foram importantes, sem dúvida nenhuma, mas precisamos avançar na direção de uma efetiva conscientização coletiva de que não estamos dentro da normalidade. E para dar esse golpe na taxa de contágio, precisamos ser mais restritivos desde já”, anunciou o governador durante reunião com prefeitos representantes das 27 associações regionais de municípios.

50979884588_ee43f028c4_oA decisão pela bandeira preta, que representa risco altíssimo para velocidade de propagação do vírus e esgotamento da capacidade hospitalar, em todas as regiões do estado é baseada em uma nova salvaguarda devido ao nível crítico de leitos livres e do elevado crescimento na ocupação hospitalar. A nova regra impõe garantia de bandeira preta às 21 regiões quando a razão de leitos livres de UTI sobre leitos ocupados por Covid em UTI estiver menor ou igual a 0,35 a nível estadual.

Conforme o Gabinete de Crise, o ajuste no modelo é necessário, pois, quando a capacidade hospitalar está próxima do limite, alguns dados podem sofrer atrasos de preenchimento devido à sobrecarga das equipes e, além disso, os indicadores de “velocidade do avanço” e de “variação da capacidade de atendimento” se tornam prejudicados – uma vez que, mesmo havendo demanda por leitos, podem não ser preenchidos devido à lotação das áreas Covid dos hospitais. Esse aprimoramento visa melhor refletir e evitar o esgotamento de leitos.

No diálogo virtual, os prefeitos trouxeram algumas sugestões, incluindo mudanças em protocolos. Segundo o governador, as questões serão levadas ao Gabinete de Crise, com possibilidade de divulgar atualizações para a próxima rodada. No entanto, apesar de muitos se manifestarem contra a suspensão da cogestão, o estado decidiu tomar a medida para fazer valer o alto nível de alerta que os dados científicos apontam.

“Não podemos deixar de agir, e temos de agir de forma coordenada, caminhando em uma mesma direção. A corda arrebenta se puxarmos do lado da população, que sofre as consequências. A pandemia se normalizou no cotidiano, na vida das pessoas, e o vírus está cada vez mais perto das pessoas. Precisamos impactar a rotina da população para que haja mudanças de comportamento. Campanhas de conscientização já não são suficientes, porque o bom senso que se espera acaba não ocorrendo”, afirmou Leite.