Quase oito anos depois de causar estranhamento e gerar um pedido formal de desculpas por parte da Inglaterra, o episódio do descarregamento de contêineres de lixo no porto do Rio Grande e em outros portos brasileiros virou livro, através de um trabalho desenvolvido pelo jornalista rio-grandino, Diniz Júnior. Intitulado "Toma que o lixo é teu", a publicação traz nas mais de 150 páginas um detalhamento sobre o fato e levanta a discussão acerca da pouca preocupação das pessoas com a produção de resíduos e o seu consequente impacto ao meio ambiente.

A relação de Diniz com esse tema começou em junho de 2009, quando foi convidado a conhecer a infraestrutura do porto de Hamburgo, na Alemanha. Naquela época ele trabalhava como editor-chefe da revista Conexão Marítima e foi informado por ambientalistas de que a Europa estava planejando encaminhar lixo para o Brasil.

Ao chegar em Rio Grande e ainda intrigado com o que havia escutado, resolveu procurar a Receita Federal e descobriu que o carregamento já estava em solo rio-grandino desde janeiro daquele ano, mas nada havia sido divulgado para não atrapalhar as investigações. A partir daí, houve o desenrolar do que hoje conhecemos.

Vale lembrar que o comércio de lixo entre países é permitido e regulado pelo Acordo de Basileia, que versa sobre o controle de movimentos transfronteiriços de resíduos perigosos e também o seu depósito. Ele foi criado em 1988, mas entrou em vigor quatro anos depois, em 1992.

Em entrevista ao blog Papareia News, Diniz contou que a edição de junho da revista Conexão Marítima já estava na gráfica e o processo teve de ser suspenso para receber essa reportagem. "A revista já estava na gráfica. Liguei pra lá e pedi para mudar a capa e a matéria acabou rendendo quatro páginas", lembrou o jornalista.

Mas se os materiais chegaram ao porto, seguramente tinham um destino e Diniz descobriu que recicladoras da Serra e da região metropolitana haviam os adquirido sob a denominação de polímero de etileno ou, simplesmente, plástico. A publicação da reportagem gerou uma enorme repercussão e intensificou o trabalho de investigação, alertando as autoridades para a ampliação de atividades fiscalizatórias.

O livro, que será lançado dia 30 de janeiro, às 21h, em sessão de autógrafos na Feira do Livro da FURG, teve sua diagramação e produção de conteúdo feitas pelo jornalista Maurício Gasparetto, o projeto gráfico e a foto de capa pelo fotógrafo Guga Volks e a revisão pela jornalista Rosane Borges Leite e Luiz Henrique Drevnovicz. A capa ficou a cargo de Samuel Florêncio.

A impressão da primeira edição foi custeada pela empresa Celulose Riograndense e foram produzidos 1.500 exemplares. Apesar do lançamento ocorrer apenas no final deste mês, os livros já estão à venda na livraria Vanguarda de Rio Grande (Centro e Partage Shopping) e Pelotas.

Texto: Rodrigo de Aguiar

Fotos: Arquivo jornalista Diniz Júnior

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