IMPLOSÃO DE SETE SEGUNDOS COLOCA ABAIXO ANTIGA SEDE DA SSP

  • Apesar do clima de melancolia que predominou entre os envolvidos na implosão, a operação de complexidade extrema foi considerada um sucesso. Fotos: Itamar Aguiar/Palácio Piratini

Às 09h deste domingo (6), conforme o planejamento traçado pelas 28 instituições envolvidas ao longo do último mês, ocorreu a implosão da antiga sede da Secretaria da Segurança Pública (SSP), em Porto Alegre. O prédio foi atingido por incêndio em 14 de julho de 2021. No trabalho de combate às chamas naquela noite, morreram o tenente Deroci de Almeida da Costa, de 46 anos, e o sargento Lúcio Ubirajara de Freitas Munhós, de 51 anos, do Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS).

Apesar do clima de melancolia que predominou entre os envolvidos na implosão, a operação de complexidade extrema foi considerada um sucesso. Do outro lado da Avenida Castelo Branco, em uma área do cais às margens do Rio Jacuí, o governador em exercício, delegado Ranolfo Vieira Júnior, acompanhou desde às 07h, na companhia das autoridades que formaram o Sistema de Controle de Incidentes (SCI) coordenado pela Defesa Civil Estadual, cada etapa do processo.

51921375696_5061226495_o"O prédio foi implodido em uma megaoperação concluída com êxito. É mais uma importante etapa após o trágico incêndio que atingiu a estrutura na noite de 14 de julho. Manhã emocionante pelas lembranças de todos que, assim como eu, trabalharam neste prédio e tinham uma parte da sua história ali. Mas, acima de tudo, pela bravura dos nossos dois bombeiros que perderam a vida no combate às chamas, o tenente Almeida e o sargento Munhós. Agradeço a todas as instituições pelo empenho na realização desta importante ação que concluímos hoje", disse Ranolfo.

Integração para superar complexidade da operação

As horas que antecederam a etapa final foram de intenso trabalho integrado para todos os envolvidos na operação. Ainda no final da tarde de sábado (5), profissionais da FBI Demolidora, empresa contratada para execução da implosão, finalizavam as conexões da rede de explosivos instalados nos pilares do prédio. Ao mesmo tempo, equipes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) isolavam as áreas de estacionamento nas vias dentro do perímetro de segurança. À noite, foram montadas as estruturas do Posto de Verificação Veicular (PVV), entre a Rua Comendador Álvaro Guaspari e o início da Rua Santo Antônio, local que funcionou como área para posicionamento de viaturas das forças de Segurança e base das equipes de trabalho.

51922125740_67a79c0a2c_oÀs 07h deste domingo (6), efetivos da Brigada Militar e da Defesa Civil Estadual deram início à mobilização para desocupação de todos os imóveis num raio de 300 metros a partir do prédio da SSP. Notificados ao longo da semana anterior, moradores e trabalhadores da região deixaram aos poucos as edificações. Inclusive a rodoviária de Porto Alegre foi evacuada, e as chegadas e partidas de ônibus da capital passaram a ocorrer a um quilômetro dali, no terminal Conceição, embaixo do viaduto, entre as avenidas Farrapos e Alberto Bins.

As estações São Pedro, Rodoviária e Mercado do Trensurb não abriram e os embarques e desembarques mais próximos da área central passaram a ocorrer apenas na estação Farrapos, onde ônibus foram disponibilizados pela EPTC para levar os cerca de dez mil usuários do trem nas manhãs de domingo até o Centro da cidade.

Às 08h, quando o primeiro toque de sirenes avisou do encerramento de prazo para evacuação dos imóveis, equipes da fiscalização de trânsito municipal e efetivos da BM iniciaram os bloqueios em 14 pontos no entorno da área de segurança da operação. Ao mesmo tempo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e funcionários da CCR Via Sul, concessionária da freeway, deram início aos desvios de veículos nas entradas da cidade no vão móvel e próximo da nova ponte do Guaíba, interrompendo por completo o fluxo na Avenida Castelo Branco.

51920534667_31d3286427_oMeia hora depois, ao segundo toque das sirenes, foi estabelecido bloqueio total à circulação de pessoas e veículos na região isolada. Mais 20 minutos e novo alerta sonoro deu por encerrada a inspeção final no perímetro. Cinco minutos depois, o penúltimo alerta pediu a atenção de todos. Faltando um minuto para às 09h, o toque final das sirenes deu início à contagem regressiva.

A queda da estrutura colapsada ocorreu conforme o plano elaborado pelo responsável técnico do serviço, o engenheiro de minas Manoel Jorge Diniz Dias, reconhecido na área como o profissional com maior know-how do país. O sucesso da operação se soma ao já celebrado currículo do expert, hoje mais conhecido pelo apelido de “Manezinho da implosão”, em virtude dos mais de cem trabalhos do tipo já executados.

As explosões ocorreram do primeiro para o quarto andar, com um intervalo de meio segundo entre um e outro. Em cada andar, a sequência foi a mesma. Começou pelos pilares centrais da edificação, de forma que parte já colapsada da estrutura deu início ao movimento de queda. Depois, seguiram em direção às duas extremidades laterais do prédio, com intervalo de 0,4 segundo de um pilar para o outro.

A sucessão de explosões também foi programada de forma que, além da direção horizontal do meio para as pontas, ocorreu primeiro nos pilares mais próximos da fachada principal, voltada para a rua Voluntários da Pátria, e seguiu até os que ficavam mais perto da face posterior do prédio, voltada para o Jacuí. Dessa forma, a ação da gravidade fez com que as duas torres de sustentação laterais cedessem em movimento diagonal para o centro e na direção do interior do terreno da SSP, evitando impacto na avenida Castelo Branco.