ESTALEIRO RIO GRANDE INVESTE NA DIVERSIFICAÇÃO DE ATIVIDADES PARA RETOMADA DA ECONOMIA
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As frentes de trabalho vão desde áreas como o desmantelamento de embarcações, a construção e reparação naval e a utilização do local como terminal portuário. Foto: Divulgação/Cristiano Valente
Novas perspectivas começam a surgir para o Estaleiro Rio Grande e a indústria naval da região. Ao longo de 2020, o grupo Ecovix tem investido em uma série de ações e projetos para diversificar suas atividades no empreendimento, com foco na retomada da economia e geração de novos empregos.
As frentes de trabalho vão desde áreas como o desmantelamento de embarcações, a construção e reparação naval e a utilização do local como terminal portuário. A expectativa é de que as iniciativas possam gerar 600 empregos diretos, somados aos postos de trabalho existentes.
Em um mercado com potencial de R$ 90 bilhões nos próximos dez anos, o descomissionamento e desmantelamento de embarcações é um dos setores mais promissores para o Estaleiro. Em novembro, a Ecovix recebeu visita técnica de um grupo empresarial holandês, que avaliou a possibilidade de utilizar o local para desmantelar uma embarcação.
"Nos últimos 18 meses, desmontamos mais de 100 mil toneladas de estruturas, o que nos coloca na vanguarda desse tipo de atividade no Brasil", ressaltou Ricardo Ávila, diretor operacional da Ecovix.
Ainda nesse segmento, a empresa trabalha em um plano para transformar o Estaleiro em um polo de atração de embarcações a serem descomissionadas — e que tenham problemas com infestação de coral sol. O organismo, nocivo aos ecossistemas costeiros brasileiros, impede que navios e plataformas ancoradas em mar aberto venham à costa para serem desmontadas.
"Os primeiros estudos indicam que Rio Grande pode ser um dos portos livres do organismo, dada a salinidade, temperatura e baixo nível de transparência da água", afirmou Ricardo. O trabalho é conduzido em parceria com a Portos RS, Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e órgãos ambientais. Os estudos podem abrir caminho para o desmantelamento, no Estaleiro, de plataformas na Bacia de Campos que foram desativadas, como a P-7, P-12 e P-15.
Recuperação avança
Em outras frentes, a Ecovix avança para habilitar o terminal para atividades portuárias. Nos últimos três anos, foram movimentadas mais de 120 mil toneladas de mercadorias. Em setembro, o Estaleiro sediou o maior embarque de animais vivos da história do local, com 26 mil cabeças de gado exportadas para a Turquia e Líbano. Somente a habilitação tem potencial de gerar mais de 50 empregos diretos e 400 indiretos, movimentando anualmente 1,5 milhão de toneladas de carga ao ano.
A empresa trabalha ainda em processos para construção e reparação naval, em parceria com o grupo UTC. Outro plano em estudo é que a infraestrutura do Estaleiro seja utilizada pela indústria metal-mecânica. "Estamos em contato com a FIERGS, empresas e entidades do setor, além de ter uma consultoria especializada para elencar as áreas que seriam melhor atendidas por nosso parque fabril", destacou Ricardo.
De acordo com o diretor operacional da Ecovix, os investimentos reforçam o potencial do Estaleiro para agregar valor em diversas operações navais, trazendo novas oportunidades para toda a região. "Estamos avançando de maneira firme na retomada dos negócios, em linha com os esforços e compromissos assumidos na recuperação judicial da companhia. Nesse momento em que a economia começa a se reaquecer após a crise pandêmica, temos grandes oportunidades para gerar desenvolvimento e novos empregos a toda a comunidade da região Sul", celebrou Ricardo Ávila.