CORONAVÍRUS DEVE GERAR UM PREJUÍZO DE R$ 3 BILHÕES PARA O TRANSPORTE PÚBLICO DO PAÍS, DIZ PRESIDENTE DA NTU

  • Para Otávio, esse seria o momento para que as esferas de governo reavaliassem as gratuidades e colocassem em prática políticas de incentivo ao transporte. Foto: Divulgação/NTU

O setor de transporte coletivo é responsável pelo deslocamento de milhões de pessoas em todo o país e com as medidas de isolamento social impostas pelas autoridades sanitárias para o combate do coronavírus, os reflexos dessa redução de demanda são visíveis. O tempo em que as atividades estarão em ritmo reduzido ainda é desconhecido, porém os efeitos já podem ser mensurados e os prejuízos projetados.

De acordo com o presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Cunha, o momento é considerado preocupante e os impactos financeiros podem chegar a R$ 3 bilhões. "Nós procuramos o governo federal para manifestar a nossa preocupação com o próximo dia 5 de abril, quando teremos que pagar os salários relativos ao mês de março e não vai ter dinheiro para pagar. Se não houver um socorro emergencial do governo, o setor vai entrar em colapso", alertou.

Para ele, esse seria o momento para que as esferas de governo reavaliassem as gratuidades e colocassem em prática políticas de incentivo ao transporte. "Nós não estamos discutindo a importância, necessidade ou o direito dessas gratuidades. O problema é que quem paga a gratuidade é o usuário de baixa renda. O usuário tem uma tarifa majorada em mais 20% para ter essas gratuidades do estudante e do idoso. É o trabalhador de baixa renda, aquele que é cativo do serviço de transporte público, fazendo política social para o governo na área da educação e da assistência social", justificou.

Nesta semana, a Viação Santa Terezinha (Visate), responsável por operar o sistema na cidade de Caxias do Sul, fez um alerta nas redes sociais para a falta de incentivos ao setor. Na publicação, o diretor superintendente da empresa, Fernando Ribeiro, informou que o setor administrativo está tentando garantir o pagamento de 50% dos salários do mês de março aos funcionários, mesmo sem receita para isso. O dado alarmante do comunicado é que a empresa não sabe o que fazer para garantir a outra metade e não tem perspectivas até mesmo quanto ao futuro dos postos de trabalho.

"Esse é o grande problema que nós temos que contornar e esperamos que em uma reunião que estamos marcando com o Ministério da Economia, aqui em Brasília, a gente possa conseguir a solução para atender esse grave problema. Os municípios que têm transporte público organizado eles têm a prerrogativa de organizar, planejar e fiscalizar o serviço e até mesmo fixar o preço e a oferta desse serviço. Essas decisões que os municípios estão tomando, os prefeitos, os executivos municipais são as mais discrepantes possíveis. Cada cidade tem uma realidade diferente", sustentou.

A entrevista completa pode ser conferida clicando no player abaixo.