PARALISAÇÃO DOS CAMINHONEIROS COMEÇA A CAUSAR IMPACTOS EM SETORES DA ECONOMIA LOCAL

  • A rede resolveu utilizar cartazes e contar com a ajuda dos funcionários para informar os clientes sobre a falta de determinadas mercadorias.

A paralisação dos caminhoneiros, iniciada na última terça-feira, já começa a causar efeitos e colocar setores importantes da economia local em alerta. Com os bloqueios espalhados pelas rodovias da região, os veículos que transportam mercadorias são impedidos de seguir viagem e as entregas são consequentemente atrasadas.

Os trabalhadores estão mobilizados em virtude do aumento dos combustíveis, anunciado pelo governo federal no mês de julho, além de reivindicar por mais segurança nas estradas, preço mínimo para o frete e aposentadoria especial para a categoria. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, a zona sul registra bloqueios no km 18 da BR 392, em Rio Grande, e nos kms 62 e 66, em Pelotas.

Diante do cenário de incerteza quanto ao término do movimento, a reportagem do site Papareia News verificou a situação de supermercados, postos de combustíveis, do transporte coletivo e também da Refinaria de Petróleo Riograndense para saber quais os impactos gerados pela mobilização dos caminhoneiros.

De acordo com o diretor de recursos humanos da rede Guanabara, Renato Silveira, já é possível sentir nos estoques a falta de produtos considerados de alto giro, como leite e óleo, por exemplo. Alimentos que necessitam de refrigeração, como iogurtes e fiambres, também estão ficando sem possibilidade de reposição.

Por conta dos bloqueios, os caminhões próprios da rede não estão conseguindo fazer o transporte das mercadorias do depósito central para as lojas localizadas em Pelotas e São Lourenço do Sul. Os fornecedores que costumam entregar os produtos diretamente nos supermercados também estão vivendo o mesmo dilema.

Ainda conforme Silveira, se o quadro persistir por mais uma semana, será possível perceber uma considerável falta de produtos nas prateleiras. Por conta disso, a rede resolveu utilizar cartazes e contar com a ajuda dos funcionários para informar os clientes sobre a falta de determinadas mercadorias.

O gestor lembrou da paralisação de 2015 e disse que a deste ano é praticamente semelhante no que se refere ao começo do esvaziamento dos depósitos. “A paralisação deste ano é bem semelhante a que vivenciamos há dois anos e esperamos que o ente público consiga chegar a um acordo para modificar essa situação”, finalizou Silveira.

20170804_151127Os postos de gasolina também receberam uma movimentação significativa nesta sexta-feira e conforme André Moreira, gerente de um estabelecimento localizado na Rua General Neto, a unidade administrada por ele ainda não havia sentido os impactos da mobilização, mas em virtude da procura, o estoque poderia terminar ainda hoje. Para Moreira, a situação é bastante complicada, mas disse entender o problema dos caminhoneiros e que os trabalhadores estão reivindicando os seus direitos. “É uma situação complicada, mas precisamos entender que a classe está defendendo os seus direitos. Espero que o governo se manifeste e resolva esse problema, assim ficará bom para todos nós”, concluiu Moreira.

Um possível desabastecimento de óleo diesel poderia afetar diretamente o sistema de transporte coletivo do município, mas segundo o gerente geral da Viação Noiva do Mar, Eduardo Freitas, o combustível que abastece os tanques da garagem da empresa está sendo fornecido pela Refinaria de Petróleo Riograndense e garantirá a operação dos coletivos.

A assessoria de comunicação da refinaria informou que uma possível permanência do movimento poderia forçar a empresa a interromper o processamento, pois sem a possibilidade do abastecimento dos caminhões das distribuidoras, a produção não teria como ser escoada e acabaria por ficar armazenada nos tanques da indústria.

Ainda conforme a assessoria, a falta do fluxo de caminhões impacta também no recebimento dos biocombustíveis que são misturados aos produtos fabricados pela refinaria. O etanol que é adicionado à gasolina vem do Paraná e o biodiesel que é acrescido ao diesel é trazido do norte do estado.

No final da tarde, a Polícia Rodoviária Federal informou que foi realizada uma negociação com os manifestantes da região e cerca de 300 caminhões foram liberados para circular, entre eles alguns carregados com combustível. Mesmo assim, os caminhoneiros continuam convidando outros motoristas a aderirem ao movimento, fazendo com que haja uma diminuição no fluxo de veículos de carga nas rodovias federais da zona sul.

Texto e fotos: Rodrigo de Aguiar

rodrigo@papareianews.com