ULTRAMARATONISTA FALA SOBRE OS DIAS EM QUE ESTEVE PERDIDO DURANTE A EXTREMO SUL ULTRAMARATHON

  • A participação em outras provas e até mesmo na Extremo Sul rendeu a ele uma experiência que foi fundamental para a permanência durante os dias em que esteve perdido. Foto: Divulgação/Defesa Civil

Preparo psicológico e pensamento positivo: esses foram os fatores que permitiram ao ultramaratonista Carlos Freitas permanecer por três dias a espera das equipes de resgate. Nesta quarta-feira (17), quase 24 horas depois de ter sido localizado, ele recebeu a equipe de reportagem do site Papareia News, no hotel em que está hospedado com a esposa, para contar mais detalhes sobre o seu desaparecimento.

Após o início da prática das corridas de rua de cinco e dez quilômetros, o paulistano, de 65 anos, começou a disputar provas mais extensas, como as maratonas, e atualmente coleciona em sua carreira a participação em 17 delas. "Eu sempre quis um pouco mais e comecei a estender meus treinos. Lá em São Paulo nós temos Ilhabela e tem uma prova chamada X-Terra, fiz essa prova de 50 km cheguei em segundo lugar", contou Freitas.

O contato com Rio Grande e com a Extremo Sul Ultramarathon veio após diversas participações em provas de 160 km de extensão, como as que acontecem em Bombinhas. "Há uns três anos, um amigo estava viajando aqui pelo Rio Grande do Sul e estavam mostrando a Praia do Cassino no dia de uma prova. Pensei em arriscar também e fazem três anos que estou participando dela", lembrou Carlos.

O desaparecimento aconteceu na madrugada de sábado para domingo, depois de percorrer parte do trajeto com vento contra que levantava a poeira na direção dos corredores. "Nós temos a orientação de sempre andar com o mar do lado direito, sinal que você está vindo em direção a Rio Grande. Na noite de sábado para domingo, eu devo ter passado por um arroio com muita água e mantive a água do meu lado direito", detalhou o ultramaratonista.

"Eu devo ter feito um 'L' e comecei a subir o arroio. Quando clareou o dia, por volta de umas 05h ou 06h, eu me vi no meio de muitas dunas e pensei que alguma coisa pudesse estar errada. Foi quando eu consegui ligar para minha esposa para avisar que estava perdido, mas ao longe eu via uma estrada e umas casas, mas isso já era alucinação. Quando eu chegava onde eu imaginava eram somente dunas", completou Carlos.

A participação em outras provas e até mesmo na Extremo Sul rendeu a ele uma experiência que foi fundamental para a permanência durante os dias em que esteve perdido. "Eu sempre carrego comigo as mantas térmicas e camisas refletivas. Tinha um pouco de alimentação, que eram as castanhas, nozes e damascos que eu como, e água que é armazenada em bags de dois litros", explicou Freitas.

A preocupação do corredor era não ficar sem água e por conta disso, ele utilizou a água do arroio que foi filtrada com o uso da máscara. "Eu coletava a água do riacho e com umas máscaras que tinha filtrava a água para por dentro do bag e colocava um comprimidinho de Clor-in. Eu sempre carrego sal e açúcar para fazer um soro, então dentro do bag eu coloquei dois sachês de açúcar e um de sal e isso foi me hidratando", revelou ele.

Ouça a entrevista completa e mais detalhes sobre o período em Freitas esteve perdido clicando no player abaixo.