VIATURA DE 40 ANOS E POUCOS MATERIAIS: A REALIDADE DOS BOMBEIROS MUNICIPAIS DE ARROIO GRANDE

  • Os bombeiros municipais de Arroio Grande estão vinculados à Secretaria de Obras do município, local onde a viatura fica estacionada. Fotos: Divulgação/Bombeiros Arroio Grande

Seja militar, civil, voluntário ou municipal, o que move um bombeiro é a coragem e o espírito de solidariedade. No caso dos bombeiros municipais de Arroio Grande, a vontade é acima de qualquer coisa o requisito principal para exercer essa atividade, pois há deficiência de materiais e o caminhão que é utilizado pela corporação não recebe reformas desde que foi adquirido.

A reportagem do site Papareia News conheceu a história do serviço, que foi iniciado no município no ano de 1993, depois de um grande incêndio destruir um restaurante local. A partir disso, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), a comunidade e produtores de arroz se uniram para adquirir um caminhão usado e ser transformado em uma viatura de bombeiros.

134432147_228197282103066_9090680505603089981_nCom o veículo comprado e a adaptação encaminhada, a Prefeitura Municipal se responsabilizou por providenciar um prédio, disponibilizar funcionários e promover as manutenções necessárias. Até o início deste ano, o efetivo era composto por três bombeiros, quando recebeu mais um integrante.

Pelo menos um funcionário, que iniciou as atividades em 1993, ainda presta serviços e é o único que recebeu treinamento básico para atuar como bombeiro. Os demais adquiriram o conhecimento a partir do atendimento de ocorrências e pelos ensinamentos repassados por esse servidor.

Os bombeiros municipais de Arroio Grande estão vinculados à Secretaria de Obras do município, local onde a viatura fica estacionada. Pela escala de trabalho, um servidor realiza um plantão de 24 horas e outro fica de sobreaviso, sendo buscado em casa se houver algum chamado. Diariamente, dois bombeiros ficam à disposição da comunidade.

127972901_207861007470027_5810833241442069346_nO caminhão utilizado pela corporação é um Mercedes-Benz 1113, ano 1979, com um tanque de capacidade para quatro mil litros de água. O canhão de água já não funciona e os combates são realizados exclusivamente por mangueiras de conexão rápida, pois o mangotinho foi desativado por falta de manutenção.

Um incêndio, na noite desta sexta-feira, expôs ainda mais os problemas enfrentados pela corporação que necessitou de apoio dos bombeiros de Jaguarão. A ocorrência atingiu uma residência, no bairro Promorar, e terminou com a queima total do imóvel, móveis, utensílios domésticos e documentos pessoais dos moradores.

Para realizar o combate de forma mais eficaz, os bombeiros precisavam entrar na residência, mas a ausência de equipamentos de proteção respiratória impediu a ação. Além disso, as lanternas utilizadas pelos servidores não contam com proteção para altas temperaturas, pois são tradicionais e adquiridas pelos próprios funcionários.

A atividade está restrita ao combate de incêndios, pois não há recursos para a aquisição de equipamentos de atendimento pré-hospitalar ou de desencarceramento de pessoas. Em caso de acidente com vítimas presas nas ferragens, é preciso acionar os bombeiros de Jaguarão que contam com esse tipo de equipamento.

136385537_232576041665190_7185486322674127447_nO efetivo é composto por um operário, dois garis e um operador de máquinas da Prefeitura, os quais recebem um auxílio para a realização da função. Ao final do plantão de um dia, o servidor folga por 48 horas, mas nas 24 horas que antecedem a nova escala de serviço ele fica de sobreaviso para atuação.

Além de recursos para a compra ou modernização da viatura de combate, os bombeiros de Arroio Grande nutrem o desejo de conquistar um veículo leve que permita ao bombeiro de sobreaviso se deslocar até a ocorrência sem que o caminhão tenha que buscá-lo em casa. Mesmo com as dificuldades, a corporação conta com o apoio dos colegas de profissão.

Recentemente, o comando do 3° Batalhão de Bombeiro Militar (BBM) fez a doação de roupas, botas e capacetes que permitiram aos servidores ter uma roupa reserva, o que antes não acontecia.