Desde o começo da pandemia do coronavírus e da vigência das medidas de distanciamento social, o sistema de transporte coletivo de Rio Grande já acumula perdas que atingem a casa dos R$ 20 milhões. Para operar de forma satisfatória, o faturamento mensal precisa ser de R$ 3,5 milhões, mas com a redução de demanda o valor arrecadado não chega a R$ 1,5 milhão.

De acordo com a gerente operacional da empresa Noiva do Mar Mobilidade, Edneuman Assunção, dentro desse valor arrecadado já está incluído o subsídio repassado mensalmente pela Prefeitura. Mesmo assim, as operadoras encerraram os últimos doze meses no negativo e chegaram ao valor significativo mencionado no início desta matéria.

Em relação ao período pré-pandemia, o sistema só conseguiu recuperar 46% da demanda e se for comparada essa semana de bandeira preta com a última semana antes do decreto mais severo, houve uma redução de 20% no número de passageiros transportados. Como a lotação só pode ser de passageiros sentados, não foi possível reduzir a oferta de veículos.

Conforme a gestora, a situação se torna ainda mais complicada nos dias atuais do que antes, pois no início da pandemia existiam os planos de redução de jornada de trabalho e salários, os quais foram extintos em 31 de dezembro. Aliado a isso somam-se os reajustes, como o dos combustíveis, que em apenas dois meses registrou um aumento de 25%.

Em razão da crise, a empresa desligou 49 funcionários em 2020 e no mês de fevereiro deste ano mais 44, muito por conta do fim da lei 14.020 que previa a redução da jornada de trabalho e da negativa do sindicato da categoria. Desses 44 colaboradores, 15 aderiram ao plano de demissão voluntária proposto pela empresa e outros 29 ainda estão em fase de tentativa de negociação.

Reunião na Prefeitura tratou sobre o futuro do transporte no município

Na ocasião, Edneuman falou sobre a realização de uma reunião na Prefeitura Municipal, na última semana. O encontro com o prefeito Fábio Branco e o procurador jurídico do município, Ênio Fernandez Júnior, teve como objetivo debater o futuro do serviço na cidade e iniciar uma discussão para a melhoria do sistema.

Outro ponto debatido na reunião foi com relação a bandeira preta, instituída pelo governo do estado no último sábado. Os representantes das empresas informaram que não reduziriam a oferta e ponderaram que o prejuízo por conta dessa decisão aumentaria em quase R$ 300 mil no período de 15 dias.

Com o anúncio de que as medidas perdurarão até o dia 21 deste mês, a estimativa é de que esse prejuízo atinja a casa dos R$ 600 mil e somado com o déficit mensal, esse valor chegaria a R$ 2,1 milhões ao final de março. O saldo positivo da reunião com o Executivo é a possibilidade do início de uma conversa para a mudança do marco regulatório do serviço na cidade.