PARALISAÇÃO DE LINHAS ENTRA NO OITAVO DIA E GRUPO DE FUNCIONÁRIOS AFIRMA DESEJO DE TRABALHAR

  • Colaboradores que aguardavam para assumir os postos de trabalho acompanharam a situação no portão da garagem. Fotos: Rodrigo de Aguiar/Papareia News

O transporte coletivo na cidade do Rio Grande vive dias jamais imaginados em sua história de 284 anos. A paralisação das linhas operadas pela empresa Noiva do Mar Mobilidade chega ao seu oitavo dia e a circulação dos ônibus tem sido garantida por medidas judiciais cumpridas pela Brigada Militar (BM).

Nesta sexta-feira, após decisão do desembargador do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Ricardo Carvalho Fraga, deveriam sair da garagem 35 veículos, mas até às 07h40 apenas 12 haviam deixado o pátio. No interior da empresa, mais de 100 colaboradores aguardavam para assumir seus postos.

Militares da Força Tática do 6° Batalhão de Polícia Militar (BPM) vistoriaram as carteiras de habilitação dos motoristas para se certificar de que os profissionais estavam habilitados para exercer a função. No interior da garagem, funcionários falaram sobre o ambiente de trabalho ao longo da última semana.

"Tem sido bem difícil para a gente nos últimos dias, porque estamos desde sexta-feira nessa batalha e a gente quer realmente trabalhar. Nós viemos para a empresa justamente para isso. Eu entendo a luta de cada um, mas acredito que esse não seja o caminho correto e se todos estivessem juntos seria mais fácil passar por essa situação", disse uma das funcionárias.

20210326_062535Outro colaborador, que trabalha como cobrador e não quis se identificar, falou sobre a pressão que está sendo exercida pelo Sindicato dos Rodoviários para que as pessoas não trabalhem. "Tem vídeo deles aqui na frente da garagem fazendo tortura psicológica com alguns companheiros nossos, motoristas que foram demitidos fazendo pressão, parando ônibus e falando um monte de coisas para os colegas. A situação está difícil e estão colocando colega contra colega", desabafou.

Do lado de fora, em um acampamento montado em frente à empresa, o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Fábio Machado, falou sobre o momento que está sendo vivido e da situação de pressão elencada por um dos funcionários. Segundo ele, seriam apenas 12 coletivos da empresa que deveriam circular e outros 23 que não necessariamente seriam da Noiva do Mar.

"Nós temos um consórcio aqui na cidade de Rio Grande e a outra empresa poderia operar com esses 23 carros. Não estava escrito que tinha que ser eles e isso nós vamos discutir com o desembargador, na terça-feira, durante a mediação do dia 30", garantiu Machado. 

"Não existe pressão. Tanto que não existe pressão que nós temos 210 rescisões indiretas contra a empresa. Os portões ficam liberados e os trabalhadores entram para dentro da empresa e a gente não tranca os portões. A gente aqui não luta contra pessoas, o sindicato luta com CNPJs que descumprem a lei trabalhista e deixo isso bem claro", sustentou Fábio.

A entrevista completa com o representante sindical pode ser conferida clicando no player abaixo.