LONTRA NEOTROPICAL É REGISTRADA NAS DUNAS DO BALNEÁRIO CASSINO

  • A área onde foi registrada esta fotografia coincide com a área de dunas proposta pelo Projeto Mar de Areia para a criação de um Refúgio de Vida Silvestre (REVIS), que se estende ao longo de todo o cordão de dunas, entre o antigo terminal Turístico e o Farol do Sarita. Fotos: Divulgação/Marcelo Okamoto

Em meados do mês de junho, uma lontra foi registrada no Arroio Querência e na valeta da Avenida Beira-mar, junto às dunas do Balneário Cassino. A fotografia foi realizada pelo oceanógrafo e fotógrafo amador Marcelo Okamoto, que compartilhou o registro com a equipe do Projeto Mar de Areia.

Para a coordenadora do projeto, Lilian Wetzel, o fato corrobora a necessidade de criação de unidades de conservação nas dunas de Rio Grande, que abrigam ou recebem de forma ocasional muitas espécies ameaçadas de extinção, como a lontra, caracterizada como espécie vulnerável à extinção na lista vermelha do Rio Grande do Sul (Decreto 51.797/2014).

A área onde foi registrada esta fotografia coincide com a área de dunas proposta pelo Projeto Mar de Areia para a criação de um Refúgio de Vida Silvestre (REVIS), que se estende ao longo de todo o cordão de dunas, entre o antigo terminal Turístico e o Farol do Sarita.

Ainda segundo a coordenadora, o REVIS é uma área prevista no Sistema Nacional de Unidades de Conservação como área destinada a “proteger ambientes naturais onde se assegurem condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória”.

Lontra Neotropical - Foto Marcelo Okamoto (2)Com a criação deste REVIS em Rio Grande, haverá a proteção de nove espécies ameaçadas, além de outras onze que, embora não ameaçadas, já são objeto de preocupação dos pesquisadores. Além disso, segundo a coordenadora, a criação do REVIS contribui para a manutenção do mosaico de áreas naturais necessário para a sobrevivência das espécies silvestres, sobretudo diante da crescente pressão da expansão urbana, industrial e agropecuária sobre os ecossistemas naturais.

De acordo com Marcelo Okamoto, "faço meus registros fotográficos há, mais ou menos, três anos e de forma bem amadora. Essa brincadeira acabou se tornando um passatempo, quase uma terapia. Quando saio para fotografar, o foco principal são os pássaros, mas às vezes acabo encontrando alguns animais diferentes pelo caminho, e claro, não os ignoro. Nem sempre consigo fotografá-los, aí a imagem fica só na memória. Quando a sorte está do meu lado, compartilho as fotos nos meus perfis do Facebook e do Instagram. O laboratório onde trabalho fica na Estação Marinha de Aquacultura – EMA, no Bairro Querência e como moro no Cassino, tenho o costume de ir de bicicleta e, algumas vezes, preparado para alguma surpresa", explicou.

Sobre o registro da lontra, o fotógrafo destacou que "foi no dia 14/06 desse ano, quando encontrei uma lontra no arroio Querência. Na verdade foram dois encontros no mesmo dia, um de manhã e outro de tarde, quando ela estava na margem do arroio saboreando um peixe. Fico feliz em saber que animais como este ainda são encontrados pelas redondezas", completou Okamoto.

Conforme a bióloga e pesquisadora, Liane Artico “a observação de lontras em condições naturais é difícil, principalmente em regiões onde a atividade humana é intensa. O mais comum é verificar sua presença através de evidências indiretas, como fezes, pegadas e indícios de uso recente de tocas. Nesse sentido, o registro fotográfico é um recurso importante para conhecer melhor a biologia da lontra, bem como qualquer ação que venha somar nas estratégias para proteção da espécie. Em 2015, de acordo com a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) o status de conservação da espécie mudou para quase ameaçada”, observou.