TRANSPORTE COLETIVO SEGUE SEM SUBSÍDIOS E RISCO DE PARAR AS ATIVIDADES AUMENTA A CADA DIA

  • Com a queda de demanda, a procura pelo transporte é de 15%, mas as empresas são obrigadas a ofertar 40% do serviço para cumprir a determinação municipal de que nenhum passageiro pode ser transportado de pé. Foto: Rodrigo de Aguiar/Papareia News

Diariamente, cada ônibus que deixa as garagens das empresas Noiva do Mar Mobilidade e Transpessoal contribui para o aumento do prejuízo das operadoras do transporte coletivo de Rio Grande. Em razão da pandemia e das medidas restritivas impostas pelas autoridades sanitárias e gestoras do município, o sistema deixou de arrecadar no mês de abril R$ 3,5 milhões e o que foi obtido com os passageiros transportados não é suficiente para honrar os compromissos.

Com a queda de demanda, a procura pelo transporte é de 15%, mas as empresas são obrigadas a ofertar 40% do serviço para cumprir a determinação municipal de que nenhum passageiro pode ser transportado de pé. Essas preocupações levaram os representantes das duas empresas a realizarem uma videoconferência há 15 dias com o prefeito municipal, Alexandre Lindenmeyer, ocasião em que expuseram a situação e solicitaram o apoio do executivo para evitar a descontinuidade das operações.

De acordo com gerente operacional da Noiva do Mar Mobilidade, Edneuman Assunção, o Conselho Consultivo de Transporte propôs, no mês de fevereiro, um rejuste de tarifa que levaria a passagem ao valor de R$ 4, porém os transportadores sugeriram durante a reunião que o aumento não fosse concretizado e a Prefeitura, em contrapartida, zeraria a alíquota de ISSQN, na ordem de 2% ao mês, até dezembro deste ano. Os representantes também solicitaram alguma forma de subsídio da operação emergencial, seja com a aquisição antecipada de três meses dos vales-transporte ou com o fornecimento de óleo diesel.

Além disso, houve ainda a solicitação para que fosse recalculado o custo da operação emergencial, pois no atual cenário, com a oferta de 40% e apenas 15% de demanda, a tarifa urbana teria que ser R$ 10, o que tornaria ainda mais inviável a operação. Diante desse cenário, o executivo criou uma comissão que esteve nas sedes das empresas realizando um levantamento dos valores apresentados e se comprometeu em disponibilizar ao final do processo um parecer técnico que ainda não foi emitido.

Para se ter uma ideia da complexidade da situação, o valor obtido com os passageiros transportados em abril foi de R$ 740 mil e apenas o ticket alimentação, pago no dia 30 superou a casa dos R$ 200 mil. O problema se torna ainda mais evidente quando as operadoras demonstram preocupação na forma como farão para honrar o pagamento dos funcionários no próximo dia 8, mesmo com a redução da jornada e dos salários, conforme estabelece a Medida Provisória 936. A solução imediata, na visão dos gestores, seria que o executivo arcasse com a folha, estimada em cerca de R$ 740 mil.

"Se não houver um socorro financeiro por parte do poder público, a tendência é que ele comece a entrar em descontinuidade, como já vem acontecendo em outras cidades do país", explicou Edneuman. A gestora também exemplificou o caso do governo do Espírito Santo que passou a adquirir o combustível direto com as companhias para repassar às empresas que também estão com dificuldade para comprá-lo. Aqui em Rio Grande, na operação emergencial, estão sendo utilizados 110 mil litros de óleo diesel que estão avaliados em R$ 275 mil.