SEM SUBSÍDIOS, TRANSPORTE COLETIVO DE RG DEVE ENTRAR EM COLAPSO EM 15 DIAS

  • Na visão dos gestores das duas empresas, se não houver um suporte do poder público, em todas as suas esferas, o sistema entrará em colapso, inclusive com a parada das atividades. Foto: Rodrigo de Aguiar/Papareia News

Os próximos 15 dias prometem ser decisivos para o futuro do transporte por ônibus no Brasil. Em Rio Grande, as empresas não vivem uma realidade diferente da que vem sendo enfrentada pelos demais municípios do país, porém sem investimentos por parte do poder público, o sistema rio-grandino tende a entrar em colapso e pode até mesmo parar de operar.

De acordo com o gerente geral da Transpessoal, Alexandre Kopereck, a redução do serviço na cidade completou 30 dias nesta sexta-feira e nesse período, os operadores deixaram de arrecadar R$ 2,9 milhões e a previsão é de encerrar o mês de abril com uma queda de R$ 4 milhões. "Em 45 dias as empresas deixaram de arrecadar o equivalente a um mês e ainda seguem operando", frisou.

Ainda conforme Kopereck, as empresas de ônibus possuem um custo de operação muito alto e mais da metade dele é com mão de obra. Atualmente, a demanda de Rio Grande é de 15% de passageiros, mas é preciso garantir que 39% da frota esteja em operação para cumprir o decreto municipal que prevê somente pessoas sentadas nos veículos durante o período da pandemia.

Segundo a gerente operacional da Noiva do Mar Mobilidade, Edneuman Assunção, em razão da queda na demanda, de aproximadamente 85%, as empresas firmaram junto ao Sindicato dos Rodoviários um acordo para o cumprimento da Medida Provisória 936, com a concessão de férias coletivas, redução da jornada de trabalho dos setores administrativo e de oficina e adoção da escala intercalada para motoristas e cobradores, onde os profissionais trabalham em um dia e folgam no outro.

Além disso, os funcionários que permaneceram receberam 90 dias de estabilidade e aqueles que foram demitidos tiveram liberadas as guias de FGTS e Seguro Desemprego e uma grande parte desse contingente já está aderindo ao parcelamento das verbas rescisórias. "O que se arrecada diariamente não dá para cobrir o custo do óleo diesel e do pessoal que está trabalhando", alertou Edneuman.

Na visão dos gestores das duas empresas, se não houver um suporte do poder público, em todas as suas esferas, o sistema entrará em colapso, inclusive com a parada das atividades. Neste momento, os operadores estão em negociação com as companhias de combustíveis para o parcelamento do diesel que já foi adquirido, porém as entregas futuras só serão realizadas se o pagamento for feito à vista.

A situação é tão complicada que até mesmo um aumento da tarifa nesse momento não seria vantajoso, pois o valor concedido não seria suficiente para cobrir os custos. Para se ter uma ideia do impacto, para que o ônibus circule apenas com passageiros sentados e tenha viabilidade financeira, a tarifa teria de ser em torno de R$ 7,50. Por conta disso, os gestores não enxergam outra solução que não passe por uma reformulação total do transporte.

Uma alternativa nesse momento seria a concessão de subsídios por parte do poder público. Um exemplo seria o custeio pelos estados e municípios das gratuidades de estudantes e idosos, o que não acontece em Rio Grande. Atualmente, esses benefícios são totalmente custeados pelos passageiros que pagam a tarifa integral para os seus deslocamentos.

A concessão de subsídio, no entanto, depende da elaboração de um projeto de lei pelo poder executivo para ser encaminhado à Câmara de Vereadores para aprovação. A proposta também teria de levar em consideração relatórios de impacto financeiro e a existência de dotação orçamentária para tanto. Enquanto isso, as operadoras seguem contando com o bom senso do poder público para evitar um colapso operacional.