PREFEITO DE BAGÉ FALA SOBRE RECUSA EM RECEBER CONTÊINER PARA ARMAZENAMENTO DE CORPOS

  • Sobre o oferecimento de um contêiner refrigerado, Lara disse que ficou surpreso com a conduta do governo do estado. Foto: Divulgação/Redes sociais

Em um áudio divulgado nas redes sociais nesta quarta-feira, o prefeito de Bagé, Divaldo Lara (PTB), informou a recusa no recebimento de um contêiner refrigerado para armazenamento de corpos. O equipamento teria sido oferecido pelo governo do estado não só ao município da fronteira, que registra o maior número de casos confirmados fora da capital, mas também a Pelotas, Caxias do Sul e Porto Alegre.

Atualmente, a cidade possui 27 casos confirmados da doença e aguarda o resultado de novos exames encaminhados ao Laboratório Central (Lacen), em Porto Alegre. Em entrevista ao site Papareia News, na manhã desta quinta-feira, Lara explicou o que vem sendo feito no município para conter o avanço da pandemia e disse que lutará enquanto for possível para evitar mortes por conta do vírus.

"Agimos forte na estruturação de um hospital de campanha, fizemos as vacinações domiciliares para não tirar o idoso e expor ele ao rigor do tempo e também alguma contaminação em fila, fizemos um trabalho de ação conjunta com o exército e com outros setores da sociedade de Bagé", explicou. Ele também falou das ações de fechamento do comércio, entre outras medidas de contenção.

Divaldo também explicou que existem casos suspeitos que aguardam resultado dos exames do Laboratório Central e anunciou a aquisição de testes rápidos. "Nós adquirimos 1.100 exames, que vão nos permitir fazer isso a partir do dia 10, nos dando um diagnóstico diário e em grande volume da expansão do vírus na nossa cidade, porque o que nós temos hoje é apenas as amostragens do estado que agora foram deslocadas para Pelotas", anunciou.

Sobre o oferecimento de um contêiner refrigerado, Lara disse que ficou surpreso com a conduta do governo do estado. "Eu também fui surpreendido com essa oferta. Eu recusei, porque eu não quero isso na minha cidade. Eu trabalho com a preservação da vida, não tenho nenhum óbito até agora e continuamos trabalhando para que não tenha. Se por ventura tivesse, não colocaria em contêiner de freezer", afirmou.

"Nós aqui, bageenses, esperamos que o governo do estado apenas cumpra com aquilo que é o direito dos municípios. Rio Grande, Pelotas, Bagé, todos os outros municípios do estado, estão sem receber os recursos da saúde básica desde fevereiro e hoje os principais trabalhadores no combate ao vírus são os trabalhadores das unidades básicas de saúde, os técnicos de enfermagem, os enfermeiros e os farmacêuticos. É esse pessoal que está fazendo a prevenção e o combate ao vírus na linha de frente e o governo, ao invés de querer mandar contêiner, ele tem que mandar equipamentos para esses trabalhadores e colocar em dia o que deve para as prefeituras", protestou Lara.

"Como que você vai defender a saúde da população se o próprio estado do Rio Grande do Sul já está projetando dar contêiner? Nós não queremos contêiner, só queremos que dê aquilo que deve ao cidadão de cada município, para que o cidadão tenha o direito de cuidar da saúde da sua família e dos seus familiares", questionou. Ele também destacou que a prioridade deve ser a aquisição de vacinas, exames, recursos para a compra de equipamentos, como macacões químicos, por exemplo.

Divaldo disse, ainda, que sente que o governo do estado está sem saber o que fazer e criticou o envio por avião de 50 litros de álcool gel e 60 máscaras nessa semana. "Você bota 50 litros de álcool gel e 60 máscaras dentro da mala de um carro e traz e sobra todo o resto do carro para preencher. Você bota isso em uma aeronave e traz para o município? Não né? Tem alguma coisa que está errado e eu não estou conseguindo ainda identificar. Existe uma ação descoordenada para que venha uma aeronave trazer 50 litros de álcool gel e 60 máscaras. Você bota dentro de um Fusca e traz. Pronto, ta resolvido", ironizou.

A entrevista completa você confere clicando no player abaixo.